quinta-feira, 21 de abril de 2011




A paixão de Cristo

Os últimos cinco dias que Jesus Cristo passou vivo foram emocionantes. Tanto para ele como para seus seguidores. A entrada triunfal dele em Jerusalém na semana da páscoa judaica, os tumultos que sua presença causou ao redor do Templo Sagrado, as altercações com os fariseus, a última ceia, a traição, a prisão, o julgamento, a flagelação e a crucificação, tudo foi muito rápido, avassalador, compondo os atos do Drama da Paixão. Episódio trágico até hoje representado no mundo inteiro pelas comunidades cristãs.

A páscoa em Jerusalém

"A religião, até hoje, não teria existido sem uma parte de ascetismo, de devoção, de maravilhoso."
E.Renan – A Vida de Jesus, 1863.

Na páscoa Jerusalém lotava. Em situações normais acredita-se que a cidade não comportasse mais de 50 mil habitantes na época de Jesus Cristo. Todavia, durante as grandes festas judaicas, multidões vindas de todas as partes do País de Canaã para lá afluíam. As cercanias ao redor do Beit Hamikdash, o Templo Sagrado, tornavam-se um vespeiro humano com o entra e sai daqueles que para lá iam depositar suas oferendas nos altares santos e fazer as prostrações.
Vindo da Galiléia, um tanto que fugido, sentindo-se ameaçado pela polícia de Herodes Antipas, Cristo decidiu-se por fazer uma entrada triunfal na cidade santa. Para afirmar publicamente que o seu reinado, ao contrário da monarquia herodiana, era o império dos simples, adentrou pelo portão montado num jumentinho. A multidão local, lançado Hosanas, recebeu-o como "o filho de Davi", alguém que havia herdado do lendário rei o poder de fazer curas e operar milagres. Entretanto, o recém chegado logo se indispôs com meio mundo.

A Palestina no tempo de Cristo

Herodes o Grande e dois de seus filhos
A Palestina, na ocasião chamada de País de Canaã (da cor púrpura, em fenício), estava ocupada pelas legiões romanas desde que Pompeu fizera de Jerusalém seu quartel-general, no ano 63 a.C. Sabendo que a única maneira de manter uma certa autonomia dos judeus era aliando-se aos romanos, o rei Herodes, dito o Grande, da etnia dos ismodeus judaizados, resolveu associar-se inteiramente aos desígnios de Roma. Desde o ano de 38 a.C. ele, com o beneplácito dos triúnviros Marco Antônio e Otávio, fora indicado como Rex amicus et socius populi Romani.
A política de Herodes foi sempre apoiar o principal caudilho romano, posição essa que não era bem vista pelo seu povo em geral. Mas o que poderia fazer o pequeno reino de Israel frente às águias imperiais cujas asas estendiam-se por boa parte do mundo europeu e mediterrâneo? Assim é que os hebreus tiveram que conformar-se em submeter-se ao Regime do Protetorado. Quanto Herodes o Grande morreu, no ano 4 a.C. (data que virou festa judaica), seu reino foi dividido numa tetrarquia entre seus filhos. O próprio povo, por meio dos altos sacerdotes, intercedeu junto as autoridades de ocupação para que os poderes tirânicos da dinastia herodiana fossem limitados por Roma.

A tetrarquia e os procuradores romanos
A Arquelau coube a posição de etnarca (uma espécie de governador de província) da Judéia e da Samária, a Herodes Antipas a parte da Galiléia e da Perea, enquanto que o seu irmão Herodes Filipe ficou com a Iturea e a Galaunítida. Todos eles inteiramente obedientes ao Legatus Augustae, ao governador-geral romano da Síria. Este por sua vez se fazia representar na região através de um procurador cuja sede oficial ficava na cidade de Cesaréia Marítima, deixando que Jerusalém permanecesse no controle simbólico do sinédrio, da assembléia dos anciãos responsáveis pelo Templo Sagrado, presidida por um sumo-sacerdote.
Na época de Cristo, ele chamava-se Caifás. Os romanos, seguindo a tradição de serem liberais nas questões religiosas, permitiam que os judeus mantivessem suas cerimônias e se comprometeram a não perturbarem os rituais ou a profanarem os espaços sagrados deles. Tanto assim que causou enorme tumulto quando Herodes o Grande, num gesto de querer agradar os ocupantes, mandara expor uma águia dourada, símbolo romano, numa das entradas do Templo. Perturbação que obrigou os romanos a submeterem os hierosolimitas, a população de Jerusalém, ao duro braço da legião.
A tensão entre a população e os ocupantes era pois constante, resultando em intermináveis desavenças e amotinamentos que eram reprimidos sem dó pelos centuriões (desavenças essas que três décadas depois da morte de Cristo gerarão a grande rebelião judaica de 66, seguida da destruição de Jerusalém pelos romanos no ano de 70). Além das rivalidades que separavam os saduceus (mais conciliadores) dos fariseus ( os “separados”), os escribas e doutores da lei que desejavam viver o mais próximo possível de acordo com a Lei Mosaica, havia ainda entre os judeus uma facção extremista, a dos zelotes. Muitos deles atacavam os romanos, e aqueles que colaboravam com eles, armados com punhais (sikos, em grego), dai também serem designados como sicários.
Seguramente foi essa instabilidade crescente que fez com que a administração romana aumentasse ainda mais a sua presença na região, transformando o Regime do Protetorado (que se estendeu de 38 a.C. ao ano 6 d.C.), onde os tetrarcas tinham certa autonomia, numa a ordem política mais controlada diretamente por eles: a dos Procuradores Romanos (de 6 a 66 d.C.).




                                                                              

Para refletir...


Dolor con CRISTO doloroso,
 quebranto con CRISTO quebrantado, 
lagrimas pena interna de tanta pena que paso por mis pecados.

Que hecho por CRISTO?
Que hago por CRISTO?
Que de hacer por CRISTO?

Que esta semana santa nos sirva para reflexionar sobre estas preguntas y pidamos la gracia 


de encontrar grandes respuestas.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

AS DUAS FACES DO AMOR: ‘EROS’ E ‘ÁGAPE’


Primeira prédica de Quaresma
AS DUAS FACES DO AMOR: EROS E ÁGAPE

1. As duas faces do amor
Com as prédicas desta Quaresma, eu gostaria de continuar o esforço, iniciado no Advento, de trazer uma pequena contribuição à reevangelização do Ocidente secularizado, que constitui nesta hora a preocupação principal de toda a Igreja e, em particular, do Santo Padre Bento XVI.

Há um âmbito em que a secularização age de maneira especialmente difusa e nefasta, e é o âmbito do amor. A secularização do amor consiste em separar o amor humano de Deus, em todas as formas desse amor, reduzindo-o a algo meramente “profano”, onde Deus sobra e até incomoda.

Mas o amor não é um assunto importante apenas para a evangelização, ou seja, para as relações com o mundo. Ele importa, antes de todo o mais, para a própria vida interna da Igreja, para a santificação dos seus membros. É nesta perspectiva que se situa a encíclica Deus caritas est, do Papa Bento XVI, e é nela que nós também nos colocamos para estas reflexões.

O amor sofre de uma separação nefasta não só na mentalidade do mundo secularizado, mas também, do lado oposto, entre os crentes e, em particular, entre as almas consagradas. Poderíamos formular a situação, simplificando ao máximo, assim: temos no mundo um eros semágape; e entre os crentes, temos frequentemente um ágape sem eros.

O eros sem ágape é um amor romântico, mas comumente passional, até violento. Um amor de conquista, que reduz fatalmente o outro a objeto do próprio prazer e ignora toda dimensão de sacrifício, de fidelidade e de doação de si. Não é preciso insistir na descrição desse amor, porque se trata de uma realidade que temos todo dia diante dos nossos olhos, propagandeada com estrondo pelos romances, filmes, novelas, internet, revistas. É o que a linguagem comum entende, hoje, com a palavra “amor”.

Para nós é mais útil entender o que significa ágape sem eros. Na música, existe uma diferenciação que pode nos ajudar a ter uma: a diferença entre o jazz quente e o jazz frio. Eu li certa vez essa caracterização dos dois gêneros, mas sei que não é a única possível. O jazz quente (hot) é o jazz apaixonado, ardente, expressivo, feito de ímpetos, de sentimentos e, portanto, de improvisações originais. O jazz frio (cool) é o profissional: os sentimentos se tornam repetitivos, o estro é substituído pela técnica, a espontaneidade pelo virtuosismo.

Com base nessa distinção, o ágape sem eros é um “amor frio”, um amar parcial, sem a participação do ser inteiro, mais por imposição da vontade do que por ímpeto íntimo do coração. Um entrar num cenário predefinido, em vez de criar um próprio, realmente irrepetível, como irrepetível é cada ser humano perante Deus. Os atos de amor voltados para Deus parecem aqueles de namorados desinspirados, que escrevem à amada cartas copiadas de modelos prontos.

Se o amor mundano é um corpo sem alma, o amor religioso praticado assim é uma alma sem corpo. O ser humano não é um anjo, um espírito puro; é alma e corpo substancialmente unidos: tudo o que ele faz, amar inclusive, tem que refletir essa estrutura. Se o componente humano ligado ao tempo e à corporeidade é sistematicamente negado ou reprimido, a saída será dúplice: ou seguir adiante aos arrastos, por senso de dever, por defesa da própria imagem, ou ir atrás de compensações mais ou menos lícitas, chegando até os dolorosíssimos casos que estão afligindo atualmente a Igreja. No fundo de muitos desvios morais de almas consagradas, não é possível ignorá-lo: há uma concepção distorcida e retorcida do amor.

Temos, então, um duplo motivo e uma dupla urgência de redescobrir o amor na sua unidade original. O amor verdadeiro e integral é uma pérola encerrada entre duas conchas que são o eros e o ágape. Não podem ser separadas, essas duas dimensões do amor, sem destruí-lo, como o hidrogênio e o oxigênio não podem ser separados sem se privarem da água.

O bonito desta foto não está na imagem, obra de arte linda realizada por um homem desconhecido...
Mais está na natureza, no fundo, que é Obra de Deus, e manifestação Dele naquele momento em que a foto foi tirada...

terça-feira, 19 de abril de 2011

com Cristo é possível superar o muro da morte


Bento XVI: com Cristo é possível superar o muro da morte                                    
Intervenção por ocasião do Ângelus
CIDADE DO VATICANO, domingo, 10 de abril de 2011 (ZENIT.org)  
Apresentamos as palavras que Bento XVI dirigiu neste domingo, ao rezar a oração mariana do Ângelus junto a milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.    

* * *
Queridos irmãos e irmãs:

Faltam apenas poucos dias para a Páscoa e todas as leituras bíblicas deste domingo falam da Ressurreição. Mas não da ressurreição de Jesus, que irromperá como novidade absoluta, e sim da nossa ressurreição, à qual aspiramos e que Cristo propriamente nos doou, ressurgindo dentre os mortos. A morte representa para nós uma espécie de muro que nos impede de ver além; no entanto, nosso coração tenta ver para além desse muro e, ainda que não possamos conhecer o que esconde, nós o pensamos, imaginamos, expressando com símbolos nosso desejo de eternidade.


O profeta Ezequiel anuncia ao povo judeu, em exílio, afastado da terra de Israel, que Deus abrirá os sepulcros dos deportados e os fará voltar à sua terra, para descansar em paz (cf. Ez 37, 12-14). Esta aspiração ancestral do homem a ser sepultado junto a seus pais é o anseio de uma "pátria" que o receba no final de suas fadigas. Esta concepção não implica a ideia de uma ressurreição pessoal da morte, pois esta só apareceu no final do Antigo Testamento e, na época de Jesus, ainda não era compartilhada por todos os judeus. De fato, inclusive entre os cristãos, a fé na ressurreição e na vida eterna é acompanhada por muitas dúvidas, por muita confusão, porque se trata de uma realidade que supera os limites da nossa razão e exige um ato de fé. No Evangelho de hoje - a ressurreição de Lázaro -, ouvimos a voz da fé dos lábios de Marta, a irmão de Lázaro. Jesus lhe diz: "Teu irmão ressuscitará" e ela responde: "Sei que ele ressuscitará no último dia" (Jo 11, 23-24). E Jesus afirma: "Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá" (Jo 11, 25-26). Esta é a verdadeira novidade, que irrompe e supera toda barreira! Cristo derruba o muro da morte; nele se encontra toda a plenitude de Deus, que é vida, vida eterna. Por isso, a morte não teve poder sobre ele; e a ressurreição de Lázaro se converte em sinal do seu domínio sobre a morte física, que diante de Deus é como um sonho (cf. Jo 11, 11).
Mas há outra morte, que custou a Cristo a luta mais dura, inclusive o preço da cruz: trata-se da morte espiritual, do pecado, que corre o risco de arruinar a existência do homem. Cristo morreu para vencer esta morte e sua ressurreição não é a volta à vida precedente, mas a abertura a uma nova realidade, a uma "nova terra", finalmente reconciliada com o céu de Deus. Por este motivo, São Paulo escreve: "Se o Espírito daquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos habita em vós, aquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos vivificará também vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós" (Romanos 8,11).
Queridos irmãos, confiemo-nos a Nossa Senhora, que já participa desta ressurreição, para que nos ajude a dizer com fé: "Sim, Senhor, eu creio que tu és o Messias, o Filho de Deus" (Jo 11, 27), a descobrir que Ele é verdadeiramente a nossa salvação.



quarta-feira, 6 de abril de 2011

O QUE É SER AMIGO?




O que é participar de um grupo de AMIGOS? É se colocar ao julgamento
destes? É fazer o que os amigos querem que façamos? É aceitar que nos
julguem pelo nosso testemunho? O que é um testemunho? É aceitar que
divulguem nosso testemunho ou nossos segredos? O que é ser amigo?

O elo de união de um grupo de amigos é a confiança, é como num
casamento, quando a esposa ou o marido começam a falar pra terceiros
sobre a relação do casal, está dado o ponto de interrogação, que vem
pouco antes do ponto final. Na amizade se o amigo começa a
compartilhar fatos, julgamentos, opiniões, achismos, etc. sobre seu
amigo, baseado em confidências ditas na confiança total e plena no
outro... o que é amizade?

Só quem sabe da vida do seu amigo é ele mesmo, quer saber algo dele?
Pergunte a ele, com certeza é única maneira de ter uma informação
genuína nas mãos.

Sexo... um homem e uma mulher não podem ter uma amizade? Para termos
uma amizade precisamos da permissão dos nossos amigos? Uma amizade
entre sexos opostos deve absolutamente implicitar desejos sexuais ou
matrimoniais? Podem meus amigos dizer o que é certo ou errado sendo
que isso é tão subjetivo? O que é amizade?

Testemunho é algo íntimo e pessoal, que falamos apenas perto dos
nossos amigos mais íntimos, cuja confiança é indubitável, logo temos a
certeza que aquele testemunho nunca sairá daquele contexto e muito
menos será utilizado contra nós de forma alguma... só conseguimos
testemunhar do que está curado, pois sem a cura temos vergonha de
falar. O que é amizade?

A reunião dos amigos deveria ter sempre a compaixão como tema, onde
falariam apenas de coisas boas e as ruins buscar sempre a parcimônia,
com conselhos sugestionados apenas, nunca esperar que tal conselho
seja seguido, afinal cada um tem uma caminhada e tb o livre arbítrio.
Podemos indicar um caminho, mas jamais poderemos nos aborrecer se este
caminho não for seguido. Assim o fazendo estaríamos sendo o dono da
verdade e esta apenas Deus a tem.

Em um grupo de amigos quero me sentir no colo da minha mãe, sendo
acariciado nos momentos de dor e acariciado nos momentos de alegria.
Quero me deitar ao lado da minha amiga sem a censura cruel dos que só
vêem com os olhos do pecado. Quero poder ter a amizade sem me
preocupar com o gênero desta, dando a ela o respeito e o carinho que
ela merece.
Na amizade compartilhamos de momentos bons e ruins, e esperamos do
amigo algo muito simples, companheirismo. Na amizade muito mais do que
um sorriso no rosto queremos um sorriso no coração.

A única coisa que pode enfraquecer uma amizade é a falta de confiança,
não fale, julgue, condene o seu amigo, quem assim o faz está
condenado, pois quem fala dos outros pra vc, fala de vc pros outros, é
como um vírus.

Se vc não for Deus pare de Julgar, condenar ou absolver... mas caso vc
seja deus... ok pode continuar.

06-04-2011
Paulo Matos

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Para Refletir...





Uma senhora da Europa oriental se debruça, aos soluços, sobre a pedra de calcário rosa, na entrada da igreja. 
Ali o corpo de Jesus, depois de retirado da cruz, teria sido untado com mirra e óleos, antes de ser colocado no Santo Sepulcro.